sexta-feira, 16 de outubro de 2015

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Procuradoria pede novo bloqueio de contas atribuídas a Cunha na Suíça

Alan Marques - 15.10.15/Folhapress
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 15.10.2015. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, dá entrevista e depois comanda sessão na Câmara. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, suspeito de possuir contas secretas na Suíça
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Em parecer enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo abertura de novo inquérito para investigar ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a Procuradoria Geral da República afirmou que "há indícios suficientes" de que o dinheiro encontrado nas contas no exterior atribuídas ao deputado e familiares "são produto de crime".
A Procuradoria pediu que o Supremo determine o bloqueio e o sequestro desses recursos que, segundo investigadores, têm origem em propina paga para viabilizar um negócio com a Petrobras na África em 2011, sendo que a verba foi utilizada para pagar despesas pessoais da família Cunha.
A medida foi requisitada porque como o Ministério Público suíço transferiu as investigações sobre o congressista para o Brasil há risco de desbloqueio dos recursos no exterior, o que permitiria a retomada de transações.
O Ministério Público da Suíça chegou a bloquear 2,469 milhões de francos suíços (R$ 9,6 milhões) de Cunha e de sua mulher, a jornalista Claudia Cruz, sendo 2,3 milhões de francos suíços do deputado (R$ 9 milhões). O STF ainda não divulgou a posição do ministro Teori Zavascki, relator do caso, sobre a demanda da PGR.
Para o subprocurador-geral da República, Eugênio Aragão, que pediu a nova investigação de Cunha, "há indícios suficientes de que as contas no exterior não foram declaradas e, ao menos em relação a Eduardo Cunha, são produto de crime".
Para a Procuradoria, o envio e manutenção de dinheiro no exterior –obtido mediante crime contra o Sistema Financeiro Nacional, praticada por organização criminosa– representa comportamento para ocultar e dissimular a natureza, a origem, a localização, a disposição, a movimentação e a propriedade de valores, a configurar o crime de lavagem de dinheiro.
O MP aponta ainda a evolução patrimonial de 214% de Eduardo Cunha entre os anos de 2002 e 2014. Atualmente, o patrimônio declarado dele é de R$ 1,6 milhão, conforme suas declarações de patrimônio à Justiça Eleitoral. Em 2002, o valor declarado era de R$ 525.768,00. De acordo com a Procuradoria, o patrimônio estimado do deputado, à época da abertura da conta, era de aproximadamente US$ 16 milhões (R$ 60,8 mi).
Para a Procuradoria, "em relação à titularidade das contas objeto da transferência de processo por parte da Suíça, não há a menor dúvida de sua vinculação com Eduardo Cunha e Cláudia Cruz.
"Há cópias de passaportes –inclusive diplomáticos– do casal, endereço residencial, números de telefones do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto", diz.
NOVA LINHA
Relator da Lava Jato no STF, o ministro Teori Zavascki autorizou na noite desta quinta-feira (15) a abertura de novo inquérito para investigar o presidente da Câmara, sua mulher e uma filha. Eles serão investigados por crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A nova investigação foi motivada por esse dossiê entregue pelo Ministério Público da Suíça à Procuradoria Geral da República indicando que dinheiro de propina paga para viabilizar um negócio com a Petrobras na África em 2011 alimentou as contas secretas, pagando despesas pessoais.
Cunha já é alvo de um inquérito que investiga suas ligações com os desvios da Petrobras. Janot ofereceu denuncia contra Cunha sob a suspeita de que ele cometeu crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, tendo sido beneficiado com US$ 5 milhões em propina.
A acusação do lobista Júlio Camargo é de que o peemedebista recebeu dinheiro de recursos desviados de contratos de aluguel de navios-sonda pela Petrobras.
SIGILO
A defesa do presidente da Câmara entrou com pedido no STF para manter as informações enviadas pela Suíça sob sigilo. Teori ainda vai avaliar.
Cunha voltou a se recusar a comentar em detalhes as acusações, afirmando que seus advogados vão se pronunciar no devido tempo. "Prefiro que tenha as coisas às claras. Não vejo como nenhum problema, vejo como solução", afirmou, se referindo à possibilidade de que os documentos venham a público.
O peemedebista vem afirmando que as investigações são políticas, com vazamentos que teriam o intuito de desmoralizá-lo.
"Quinta-feira já é o dia normal que tem alguma coisa divulgada em relação a mim, então toda quinta eu espero alguma coisa", afirmou.
Mais cedo, Cunha havia dito que apresentaria sua defesa apenas quando notificado pelo Conselho de Ética sobre o processo que pede a cassação do seu mandato, protocolado na terça (13) pelo PSOL e pela Rede Sustentabilidade. 
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quarta-feira, 14 de outubro de 2015

eduardo cunha claudio renato borges

Presidente do Conselho de Ética diz que não dará 'vida fácil' a Cunha

Alan Marques - 13.out.2015/Folhapress
BRASÍLIA, DF, BRASIL, 13.10.2015. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, dá entrevista sobre o pedido, feito pelo PSol, de seu afastamento da presidência da Câmara por quebra de decoro parlamentar. de (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
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O processo que pede a cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por quebra de decoro parlamentar, apresentado nesta terça-feira (13) pelo PSOL e pela Rede, será comandado por um desafeto do presidente da Câmara.
A tramitação será conduzida pelo deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), que em março deste ano derrotou por 13 votos a 8 o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), candidato de Cunha.
"Não vamos apreciar uma representação contra o presidente, mas contra o deputado Eduardo Cunha. Aliás, aqui [no Conselho de Ética] só há espaço para um presidente, que sou eu", diz o deputado, que diz que o Conselho "não vai dar vida fácil" a Cunha.
Sem um aliado de Cunha neste posto-chave, a expectativa é que o processo na Câmara tramite com celeridade no Conselho de Ética.
Ligado ao senador Otto Alencar (PSD-BA) e aliado do ministro da Casa Civil, Jaques Wagner (PT-BA), Araújo admite que não votou em Cunha para o comando da Casa.
E afirma que, sob seu comando, o processo tramitará normalmente, mesmo sendo esta a primeira vez que o conselho vai julgar um presidente da Câmara.
Caberá ao presidente do Conselho indicar quem será o relator da ação dentre três deputados que serão escolhidos por sorteio.
Folha apurou com outros membros do conselho que a expectativa é que a cassação do presidente da Câmara seja aprovada por maioria.
A alegação é que, como o voto é aberto, a maioria dos deputados não terá coragem de votar contra a cassação do presidente da Casa, cuja situação se complicou após a revelação de provas de que ele tem contas na Suíça.
Esses deputados, porém, temem possíveis manobras regimentais, já que o pedido de cassação tem que ser protocolado pela Mesa Diretora –controlada por Cunha–, que tem o prazo de três sessões ordinárias para devolvê-lo ao conselho.
Caso a cassação seja aprovada, caberá ao plenário a decisão final sobre o assunto. A votação também é aberta.
PROCESSOS
Esta é a terceira vez que Araújo preside o Conselho de Ética. Em seu último mandato, comandou os processos de cassação dos então deputados André Vargas, preso na Operação Lava Jato, e Natan Donadon, que cumpre pena por peculato e formação de quadrilha.
Contudo, na atual legislatura, não instaurou nenhum processo para apurar denúncias contra deputados, mesmo tendo mais de 20 parlamentares investigados na Operação Lava Jato.
Segundo Araújo, o conselho só abre investigações quando provocado, como no atual caso de Cunha, que é alvo de ação do PSOL e da Rede.