sábado, 6 de setembro de 2014

Estado Islamico

Otan 'ajudará EUA contra Estado Islâmico'; saiba mais sobre grupo

Atualizado em  5 de setembro, 2014 - 18:01 (Brasília) 21:01 GMT
Protesto na Indonésia diz que 'Isis (atual EI) não representa o islã' (EPA)
Protesto contra o Isis (atual EI) na Indonésia; grupo já controla boa parte do Iraque e da Síria
Países da Otan (aliança militar ocidental) estão prontos a se unir aos Estados Unidos em um esforço militar contra o grupo muçulmano radical Estado Islâmico (EI), que assumiu o controle sobre partes do leste da Síria e no norte e oeste do Iraque.
O anúncio foi feito nesta sexta-feira pelo presidente americano, Barack Obama, durante a reunião de cúpula da Otan no País de Gales.
Os Estados Unidos já vêm realizando ataques contra posições do Estado Islâmico no Iraque, mas, até agora, nenhum outro membros da Otan se uniu às forças do país nessas ofensivas.
Obama descartou, por enquanto, o uso de tropas terrestres contra o EI.
A expectativa dos EUA é de que aliados preparem um plano de combate ao Estado Islâmico a tempo da Assembleia Geral da ONU, ainda neste mês.
Também nesta sexta, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, aprovou uma cooperação com os Estados Unidos para combater os extremistas, fontes confirmaram ao serviço iraniano da BBC.
O EI é uma organização paramilitar sunita ultraconservadora. Suas táticas brutais - entre elas, execuções em massa e sequestro de membros de minorias religiosas e étnicas, além de decapitações de soldados e jornalistas - vêm chocando o mundo, o que levou os Estados Unidos a intervirem militarmente para tentar detê-lo.
Preparamos um guia para explicar o que é o grupo e como ele atua:

O que o EI quer?

O grupo quer criar um "califado", um Estado governado por um líder político e religioso e baseado na lei islâmica.
Embora os territórios sob controle do EI se situem hoje na Síria e no Iraque, o grupo já avisou que pretende "romper as fronteiras" da Jordânia e do Líbano e "liberar a Palestina".
Ele vem ganhando o apoio de muçulmanos em todo o mundo e exige que todos jurem obediência a seu líder - Ibrahim Awad Ibrahim Ali al-Badri al-Samarrai, também conhecido como Abu Bakr al-Baghdadi.

Quais são as origens do EI?

O grupo tem suas raízes na figura de Abu Musab al-Zarqawi, um jordaniano morto em 2006. Ele foi o fundador, em 2002, do grupo militante Tawhid wal-Jihad.
Um ano após a invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos, Zarqawi jurou fidelidade a Osama Bin Laden e instalou um braço da Al-Qaeda no Iraque (AQI). O grupo teve papel marcante na insurgência iraquiana.
As táticas de Abu Musab al-Zarqawi, no entanto, foram consideradas extremas demais pelos líderes da al-Qaeda.
Após a morte de Al-Zarqawi, a AQI formou uma organização maior, o Estado Islâmico no Iraque (EII). O aumento na presença de tropas americanas no país e a criação de Conselhos Sahwa (palavra árabe para despertar) por líderes sunitas que rejeitavam tal brutalidade da EII enfraqueceram a organização.
Ao se tornar o líder do grupo, em 2010, Baghdadi reergueu o EII. Em 2013, a organização voltou a perpetrar dezenas de ataques mensais no Iraque, além de ter se unido à rebelião contra o presidente sírio, Bashar al-Assad, por meio do grupo Frente al-Nusra.
Em abril de 2013, Baghdadi anunciou a fusão de suas forças no Iraque e na Síria e a criação do Estado Islâmico no Iraque e Levante (Isis, em inglês). Os líderes da al-Nusra e da al-Qaeda rejeitaram a medida, mas combatentes leais a Baghdadi romperam com a al-Nusra e ajudaram o Isis a se manter na Síria.
No final do ano passado, o Isis voltou a concentrar ataques no Iraque e explorou a divisão política entre o governo xiita do país e a minoria sunita. Com a ajuda de tribos locais, o grupo tomou o controle da cidade de Falluja (centro do país).
E, em junho deste ano, o Isis invadiu a cidade de Mosul e avançou rumo ao sul, na direção de Bagdá. No final do mês, após consolidar seu controle em dezenas de cidades, o Isis declarou a criação de um califado e mudou seu nome para Estado Islâmico.

Qual o tamanho do território controlado pelo EI?

Há estimativas de que o EI e seus aliados controlem cerca de 40 mil quilômetros quadrados no Iraque e na Síria - mais ou menos o tamanho da Bélgica. Outros especialistas acreditam que esse controle possa se estender a 90 mil quilômetros quadrados, equivalente ao tamanho da Jordânia.
Esse território inclui cidades iraquianas como Mosul, Tikrit, Falluja e Tal Afar, além de poços de petróleo, estradas e pontos de controle de fronteira.
Acredita-se que cerca de 8 milhões de pessoas vivam atualmente sob controle parcial ou total do EI - ou seja, sob uma interpretação bastante rígida da lei islâmica, que obriga mulheres a usar véu, não-muçulmanos a pagar taxas especiais ou se converter e que impõe punições como açoitamentos e execuções.

Quantos combatentes lutam com o EI?

Os EUA creem que o EI tenha cerca de 15 mil combatentes ativos. Mas o especialista em Iraque Hisham al-Hashimi disse, em agosto, que esse número estava entre 30 mil e 50 mil. Cerca de 70% deles teriam sido coagidos a se unir ao grupo, disse o analista.
Um número significativo de combatentes não são nem sírios, nem iraquianos: há estimativas de que mais de 12 mil estrangeiros de ao menos 81 países - incluindo 2,5 mil de países ocidentais - tenham viajado à Síria para entrar na guerra nos últimos três anos.
Os combatentes do EI têm acesso a armamentos leves e pesados, incluindo tanques com metralhadoras, lançadores de foguetes, baterias antiaéreas e sistemas de mísseis terra-ar. Eles também capturaram veículos dos exércitos sírio e iraquiano.

De onde vem o dinheiro do EI?

Estima-se que o EI tenha US$ 2 bilhões em dinheiro e ativos, o que faz dele o grupo militante mais próspero. Inicialmente, muito de seu financiamento vinha de indivíduos de países árabes. Hoje, o grupo se autossustenta, com milhões de dólares obtidos dos campos de petróleo e gás que controla, com dinheiro de impostos e taxas, com contrabando, extorsão e sequestros.
Sua ofensiva no Iraque também se mostrou lucrativa: deu ao grupo acesso ao dinheiro retido em bancos das cidades que ocupou.

Por que suas táticas são tão brutais?

Membros do EI adotam com uma interpretação extrema do islã sunita e consideram a si mesmos os verdadeiros guardiões da fé.
Sua crença é que os que seguem outras religiões ou mesmo muçulmanos de outras correntes (como os xiitas) são “infiéis”.
Essa é a justificativa para os ataques - decapitações, crucificações e chacinas - contra outros muçulmanos e contra não-muçulmanos.
Até o líder da al-Qaeda Ayman al-Zawahiri, que se distanciou do EI em fevereiro por conta das ações na Síria, advertiu que tal brutalidade afastaria "corações e mentes muçulmanas".

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

terça-feira, 2 de setembro de 2014

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Estado Islamico

Estado Islâmico cometeu crimes contra a humanidade, diz ONU; 1.420 morreram

Do UOL, em São Paulo
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Avanço de jihadistas leva Iraque a nova onda de violência166 fotos

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1º.set.2014 - Combatentes voluntários iraquianos celebram o rompimento do cerco jihadista na cidade xiita de Amerli, na província de Salaheddin. Milhares de moradores do Turcomenistão estavam presos na região há mais de dois meses, com pouca comida e água. A retomada da cidade é um dos maiores sucessos da ofensiva do governo do Iraque contra o grupo sunita radical do EI (Estado Islâmico), que se apoderou de grandes áreas do país Ahmad Al-Rubaye/AFP
As ações do grupo radical do EI (Estado Islâmico) na Síria e no Iraque equivalem a "crimes contra a humanidade", disse nesta segunda-feira (1º) a responsável adjunta do Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU, Flavia Pansieri. Ao menos 1.420 pessoas foram mortas no Iraque em agosto durante os conflitos entre os jihadistas e milícias locais.
"Muitos foram diretamente assassinados, outros sitiados e privados de alimentos, água e remédios", denunciou Panseri.
Segundo a funcionária da ONU, pelo menos mil yazidis, uma das minorias mais afetadas, foram mortos e 2.750 sequestrados ou escravizados nas últimas semanas. Em Badosh, se documentou a execução sumária de 650 prisioneiros, com especial violência no caso dos homens xiitas, que foram obrigados a cavar buracos onde foram mortos pelos insurgentes.
A ONU afirmou que o número de vítimas pode ser muito maior, mas que não foi capaz de verificar de maneira independente relatos sobre centenas de incidentes em áreas sob o domínio do grupo.
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Iraque: ofensiva rebelde lembra invasão dos EUA7 fotos

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Montagem mostra as semelhanças entre a invasão norte-americana à cidade de Mossul, no Iraque, em abril de 2003 (à esquerda), e a ocupação da cidade em junho de 2014 por forças rebeldes sunitas (à direita). Dez anos depois da ocupação norte-americana no país, o Iraque vive uma onda de violência que ameaça o governo central do país Leia mais Joseph Barrack, Ho, e Welayat Salauddin/AFP
Pansieri afirmou ainda que as forças de segurança iraquianas e grupos armados que se opõe ao EI também cometeram violações dos direitos humanos que "podem equivaler a crimes de guerra".
O Exército iraquiano, milícias afins e forças curdas, com apoio militar dos Estados Unidos, lutam contra o grupo terrorista, que mantém o controle de extensas áreas das províncias de Anbar, Ninawa, Salah al-Din e Diyala, no norte do Iraque.
O EI proclamou o estabelecimento de um califado nas zonas sob seu domínio, entre o norte iraquiano até a província de Al-Raqqah, na vizinha Síria.
O representante da ONU no Iraque, Nickolay Mladeno, afirmou que "milhares de pessoas continuam a ser alvejadas e mortas pelo EI e grupos armados associados simplesmente por causa de sua origem étnica ou religiosa. As verdadeiras consequências dessa tragédia humana são assombrosas".

Sequestros e crianças-soldado

Além disso, mais de 2.000 mulheres e crianças estão sequestradas no Iraquepelos jihadistas do EI, que as mantém presas em diferentes lugares, segundo informações recolhidas pela Missão das Nações Unidas neste país, que acredita que o número real possa ser "muito maior".
"Mulheres sequestradas puderam ligar para a Missão e informaram que o EI tirou seus filhos e que as mulheres são entregues aos combatentes, vendidas ou escravizadas por se negar a se converter (ao Islã)", disse o coordenador de todos os analistas e grupos de trabalho de direitos humanos da ONU, Chaloka Beyani.
Em uma sessão de emergência do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre o Iraque, também foi denunciado o recrutamento forçado de crianças pelo grupo extremista, que as envia à frente de combate para que sirvam de escudos dos combatentes adultos.

Armamento proibido

O grupo radical também foi acusado pela ONG Human Rights Watch (HRW) de usar bombas de fragmentação durante confrontos na Síria. Este tipo de armamento foi proibido em 1993.
Como diz o nome, elas se fragmentam em pequenas bombas que podem matar ou ferir mesmo um tempo depois de terem sido lançadas.
O EI teria usado as bombas nos dias 12 de julho e 14 de agosto em combates entre o grupo jihadista e as forças curdas em torno de Ain al-Arab, reduto curdo da província de Aleppo, perto da fronteira com a Turquia. (Com agências internacionais)
Entenda a violência no Iraque
  • O que está acontecendo?
    Desde que as tropas americanas saíram do Iraque, em 2011, o grupo islâmico EI vem rapidamente ocupando cidades do país. Desde junho, já tomou Mosul, segunda maior cidade e bastião da resistência à ocupação dos EUA e aliados, e partes de Tikrit, cidade de Saddam Hussein próxima da capital Bagdá
  • Quem está atacando?
    O EI (Estado Islâmico), um grupo islamita sunita que surgiu da união de diversos grupos que lutaram contra a ocupação do Iraque pelos EUA e que recentemente criou um califado nas áreas sob o seu controle no Iraque e no Levante (parte de Síria e Líbano). Seu principal líder foi Al-Zarqawi, morto em 2006. Hoje a liderança tem vários nomes, mas o principal é Al-Baghdadi
  • O que é um califado?
    É uma forma de governo centrada na figura do califa, que seria um sucessor da autoridade política do profeta Maomé, com atribuições de chefe de Estado e líder político do mundo islâmico. O Estado, que seguiria rigorosamente a lei do Islã, compreenderia a região entre o mar Mediterrâneo e o rio Tigre
  • Qual a força do EI?
    O grupo, que recebe grandes doações ocultas de dinheiro, tem milhares de militantes, inclusive "jihadistas" americanos e europeus, e se aproveita da disputa entre o governo de Maliki, apoiado pelos xiitas, e a minoria sunita para conquistar espaço. Acredita-se que seja patrocinado por governos da região. Embora seja considerado um braço da Al-Qaeda, se rebelou e foi expulso pelo líder Al-Zawahiri
  • Quem está na mira do EI?
    Cerca de 50 mil membros da minoria yazidi, que estão isolados em montanhas no noroeste do Iraque, sem comida nem água, depois de terem fugido de suas casas, e cristãos, que chegaram a ser crucificados. Mulheres tem sido forçadas a se submeter à mutilação genital e usar véus cobrindo o corpo inteiro
  • O Iraque pode se dividir?
    Apesar de o governo central de Bagdá ainda controlar oficialmente as províncias do país, é possível que haja a fragmentação em ao menos três territórios. Isso porque a divisão do Iraque entre árabes sunitas, xiitas e curdos já está bem avançada
Arte/UOL
Cidades sob controle do Estado Islâmico ou sob ameaça de ataques na Síria e Iraque